quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Romance não tem

Dias desses, um cara que conheci em Notting Hill veio dizer que tinha voltado pra Londres e lembrado *muito* de mim. Respondi prontamente: "lembrou nada". Então ele me disse que eu não sou romântica. Tentei me justificar e arrumar a situação, mas ele estava certo. Não acredito em romantismo. Virou commodity. O cara faz alguma coisa fofa esperando algo em troca. E não romance o que ele quer. Garanto. Como diz aquela música, I've broken my heart so my times, I stopped keeping track. Eu parei de contar e parei de acreditar também (ok, essa parte é diferente da música, porque ele está loucamente acreditando que ela vai aparecer quando menos esperar).


Music Video: "Haven't Met You Yet" (Michael Buble) from Alec Rivera on Vimeo.

Vivemos em uma época de mulheres desiludidas cansadas das promessas de amor que não se cumprem nem até dar tempo de descobrir que não existe felizes para sempre. Não posso -e acho que chegou um momento em que não quero- me dar ao luxo de acreditar, quebrar a cara e ter de juntar todos os pedacinhos do coração partido de novo, de novo e de novo. Vivemos em uma época em que mulheres são mais inseguras que adolescentes, porque aprenderam da pior maneira possível que ele nunca esteve -e nunca estará- apaixonado por elas. É verdade que as mulheres aprenderam também que não há nada de mau em one nights stands -pelo contrário ainda bem-, mas os homens se valem disso para não precisarem assumir compromissos. Fazem apenas promessas vagas que não serão cumpridas, pelo menos, não com elas.

Não acreditar em nada é cansativo e, por vezes, doloroso, mas nada comparado à dor do coração partido.

Tudo isso para concluir que, sim, acho que ele até lembrou de mim, mas não por razões românticas.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

proporção

sabe quando depois de anos e anos você encontra o ex? qual é a sensação? sentir nada? ah. sentir nada é bom quando a gente sente raiva. mas bom é sentir que faz sentido. depois do término do namoro, a gente devia ter direito a um flashfoward para mostrar que uma hora tudo fica bem, passa. em um dia em que chorava sem parar, minha mãe me disse isso, que passava. ela também disse que eu era boba, que quando a gente é nova, sofre e chora em medidas absurdas. e ela é alguém que entende melhor que eu de sofrer de amor. ela tinha razão, assim como, até hoje, tem razão quando me manda levar um casaco.

estar tudo bem não é final feliz. é que o tempo não para, e aquilo que uma hora foi tão grande vai perdendo o tamanho. muda a proporção da importância. daí, quando depois de anos e anos você encontra seu ex, percebe que faz sentido porque vocês dois juntos não fariam mais sentido tantos anos depois. ele não teria aprendido a beber e a fumar. você não teria conhecido metade das pessoas e dos lugares que conheceu nem dividido o quarto com o canadense que não gostava de se vestir. os dois não teriam dado a cara a tapa nem quebrado a cara tantas outras vezes. porque ele eu não sei, mas eu acabei de quebrar a cara...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Paulo Felipe

Inspirada pelos dois últimos posts da Leonor Macedo no TPM Eneaotil sobre primeiros amores e cartas de amor. Ok, o propósito dos delas é totalmente diferente deste aqui, mas ainda assim, a ideia partiu daí. E se você ainda não conhece o blog dela, deveria...

Lembrei do Paulo Felipe, e eu não vou trocar o nome porque tenho certeza de que Paulo Felipe não se importaria. Ele não foi exatamente meu primeiro namoradinho de infância (aparentemente eu era uma piriguete no maternal), mas foi meu primeiro amor. Paulo Felipe, você marcou a minha vida! #prontofalei

Isso é mais ou menos o que me lembro: eu estava no pré, no Colégio São Paulo, e a professora, a tia Nádia, tinha uma assistente, a Liliane (?). O Paulo Felipe era irmão mais novo da Liliane e devia estar tipo na segunda série. E Paulo Felipe gostou de mim. Vai entender. Mas gostou. E era tão fofo, ele escrevia as cartas de amor mais lindas do mundo, e as meninas da sala todas ficavam em volta de mim para ler. E eu escrevia as melhores cartas de amor que podia, considerando que nem devia saber o alfabeto inteiro com seis anos. Mas tinha colagens, desenhos, corações, cheiro de algodão-doce. Ah!

Era um amor por correspondência. De trocas de olhares. A gente era tímido. E nosso relacionamento durou até eu estar na segunda série. Um dia, numa festinha de carnaval, ele, vestido de batman, veio atrás de mim no escorregador, fez um "psiu" e disse: "você está linda hoje". Depois saiu correndo. Poucas vezes acho que fui tão linda em toda a minha vida.

Depois claro que ele me trocou, por alguém da idade dele, e claro que eu fui a última a saber. Nem assim para Paulo Felipe deixar de ser meu grande amor de infância.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cinco estágios

I'm all over it now
'Cause I worked and I cursed and I tried
And I said I could change and lied

Uma pessoa à beira da morte passa por cinco estágios de luto até, bem, finalmente morrer. Ninguém aqui vai morrer de pé-na-bunda (nada de morrer, por favor), mas podemos analisar esses estágios do ponto-de-vista da dor-de-cotovelo:
     
1- Negação: você acredita que está vivendo um romance lindo. Mesmo quando ele não te liga faz uma semana, quando ele te chama de 'amiga' e não te apresenta pros amigos dele. E todas as vezes que você ficou sozinha foi porque ele realmente tinha de trabalhar até mais tarde. Uhum. Ele está apaixando por você. Uhum. Ele não é um canalha. Uhum.

 2- Raiva: FINALMENTE (se é que podemos achar isso de finalmente)! Você se dá conta do papel de boba que estava fazendo e fica com raiva. Com raiva de si mesma, né? Sei como é. Daí, bota a culpa em todos os outros relacionamentos falhos que teve na vida, porque eles que atrapalharam seus padrões. Só depois começa a raiva do canastrão. Como toda mulherzinha, vai querer se vingar de alguma forma e prepara planos malígnos, com todo o apoio das suas amigas, contra a vida dele. Por favor, não coloque esses planos em prática. Dá cadeia. 

3- Barganha: antes da morte, as pessoas no terceiro estágio têm a esperança de que vai ficar tudo bem. Na dor-de-cotovelo também, você retoma a esperança de que vai dar tudo certo com o fofinho. Insiste em sair com ele de novo. A barganha é um estágio bem complicado. Não só por vir antes da depressão, mas porque pode te fazer voltar lá pro estágio inicial se conseguir o que quer (e como
, vamos admitir, você vai estar facinha, provavelmente vai conseguir). A sugestão é simples: PULE a barganha. Assuma sua depressão e vá chorar no travesseiro logo de uma vez.

4- Depressão: "estou tão triste. a vida não tem sentido". Drama. Drama sem fim. Drama até você acabar sem amigos e, quiçá, sem família. Ninguém te aguenta mais. Você vai estar sempre com a maquiagem borrada, porque vai chorar a cada comercial do banco Real. Não vai ter vontade de comer nem ter sono. Não vai sair de casa. Depressão é chato e demora para diluir.




5- Aceitação: fim. Não vai ser assim e tudo bem.

sábado, 21 de maio de 2011

Não, de novo, não

Acordei pensando nas besteiras que a gente faz quando não consegue admitir que o relacionamento acabou. Acordei lembrando de como me vergonho das minhas tentativas de recuperar o que eu já tinha perdido e que também não fazia sentido na minha vida. Consegue entender?
 

Aposto que você também já prometeu nunca, jamais, insistir de novo em algo descaradamente sem futuro. Agora diz para mim quantas vezes essa promessa foi feita? E quantas vezes ela foi quebrada? ... E quantas vezes você se arrependeu?
 
Não dá para viver eternamente cometendo os mesmos erros. E não estamos numa comédia romântica água com açúcar. Ninguém tem de pensar que vai ser diferente, porque é sempre igual. Sempre. Você não é a menina desajeitada ou o cara atrapalhado com um final feliz. Você é a menina desajeitada ou o cara atrapalhado que vai quebrar a cara, que vai tomar um fora, que vai chorar no banheiro. Over and over and over again. Até aprender.
 

Terrível. Mas a culpa é sua que quer final feliz. Isso não existe. Ainda mais se você quiser final feliz com a pessoa errada (pro final feliz, porque às vezes a gente precisa da pessoa errada) ou, pior, com cada pessoa que passa pela sua vida. Você que faz sua vida miserável em vez de divertida.

Acho que a gente tem de se arriscar, porque é divertido e é melhor sofrer depois que por antecipação. Só não vale sofrer demais.