quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Meio sem perceber, sem querer, sem ser

Um poster de filme clássico em um sebo, uma música de uma banda pouco conhecida tocando no restaurante, um time de futebol de um país remoto, um cachorro na rua, uma piada sem graça mas engraçadinha no Facebook. Sei seu autor preferido, sua banda, suas referencias. Não vou dizer que te conheço bem, seria exagero, mas eu prestei atenção. Foi sem querer. Nem eu sabia que existia tanta coisa assim pra me lembrar de você.

Nunca foi fácil, a gente nunca foi fácil. A gente nunca foi qualquer coisa. Eu tentei te entender,  mas você não permitiu. Eu não fui clara, fui medrosa. Achei que, em algum momento, fosse ser notada. Depois de tudo que foi deixado de falar e de tudo que não deveria ter sido dito posto para fora, o que sobrou? Pedaços que não se encaixam. Uma não história de amor. Deixa pra lá,  nunca achei que fôssemos feitos para ficar juntos -mas gostaria muito que fosse o contrário.

Por aí,  um monte de gente sofre por não ser correspondida (detesto essa expressão), eu fico aliviada de saber que sou capaz de sentir alguma coisa por alguém.  Simples assim.  E não dói,  não me tira o sono nem me faz chorar. Só é um estado permanente e, ao mesmo tempo, momentâneo em que me encontro apaixonada. Agora, me beija e fade out. 

Esse post é uma ficção,  qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Não é nada, eu só gosto de você

Um dia qualquer nós nos esbarramos em uma rua qualquer em um lugar improvável. Bum. Bam. Meu cérebro simplesmente não entende. Branco. Gelo. Fico presa no déjà vu infinito, processando o que acaba de acontecer. Instantes eternos. "Coincidência", dizem seus olhos ligeiramente caídos. Eu, de volta ao corpo, acho que é um sinal. Sempre acho que é.

Nos cercamos de formalidades em uma conversa vazia. Antes foi tão fácil,  e quando acabava o assunto, a gente criava uma ficção para nunca pararmos de falar. Então,  depois desses instantes -intermináveis de novo- de papo furado, finalmente, você me enxerga. Sabe como é, não consigo disfarçar nada, tenho no rosto uma expressão, um misto de decepção com outra coisa que você não consegue identificar. Então, pergunta: "O que foi?". Não penso: "Nada de mais, eu só gosto de você."

Não é surpresa, mas você fica sem reação. Estamos presos a esse momento. Alguém por favor interrompe? Para pra pedir informação ou esmola, começa uma briga ou um flash mob. Qual.quer.coisa. Não pode começar a chover? Qual.quer.coisa para acabar com isso logo. Te encaro com meus olhos pequenos e caídos, já marejados. Talvez,  um dia, por um segundo, você gostou de mim. "Desculpa", diz, me beija no rosto, olha para mim e vai.

Chego em casa, deito, encaro o teto. Mais uma besteira para minha coleção. Não era mesmo nada de mais, penso, reafirmo,  asseguro. Não era. É bom, ele devia ter ficado feliz, mas é difícil ouvir que alguém gosta de você. Sinto um alívio. Acabou. Não era nada de mais, penso, reafirmo, asseguro, durmo.

Esclarecimento: esse post é uma ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.