terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Saudade é maior que amor?

O batom já havia impresso uma marca na taça, mas ainda segurava nos lábios um discreto e confortável sorriso. Falava desses assuntos vazios, a pauta de festas entre conhecidos, até lhe perguntarem se sabia dele. Suspirou profundamente. "Não", respondeu com um sorriso amarelo substituindo o, até então, vermelho forte. Contraiu os lábios.

Não havia outro assunto capaz de tira-la do centro como aquele. Religião, política, aborto, não a incomodavam. Detestava as lembranças dele. Eram todas boas. Boas demais, davam saudade. E, saudade pode ser pior que dor. Então essa foi uma história de amor,  vocês devem estar pensando. É. Ela não diria isso. 

Ela diria que sente falta dos beijos de tirar o ar, do abraço tão apertado que dava para sentir o pulso, das noites insones juntos, dos dias de expectativa. Do cheiro. Do calor. Da voz. Das cócegas. De todas essas pequenas coisas que aparecem bobagem para o outros.

Mas uma história sem "eu te amos", sem serenatas, sem flores, sem declarações. Um curioso caso que não acaba nem em final feliz nem em coração partido. Mas numa saudade que não está sempre lá,  mas que também não passa. Um caso que acabou em suspenso, no gerúndio, pairando.