terça-feira, 30 de julho de 2013

We'll not always have Paris

"Se eu soubesse escolher vinho, te chamaria para tomar uma garrafa", o convidei. Havia uma pressão para que eu o conhecesse. Então,  naquele fim de noite de fim de inverno, naquela cidade que não era nossa, eu o encontrei na saída do metrô - já que ele não encontrara meu hotel. Quando ligou dizendo que me esperava lá, eu já não acreditava que apareceria. "É diferente do que imaginava", pensei. "Mais baixinho e menos bonito." Eu usava o casaco de penas de ganso por cima de uma camisa listrada de branco e azul, uma maquiagem leve, sem batom. Tinha arrumado o cabelo.

Caminhamos um pouco e entramos em um restaurante escolhido aleatoriamente -é verdade que àquela hora, eram poucas as opções. Lembro do lugar, da mesa na qual sentamos, do que ele pediu. "Estou impressionado, as pessoas te entendem", ele disse. No fim, tomou vinho sozinho.

Por algum motivo, naquela noite, naquela cidade, com ele, eliminei filtros e barreiras, fui o mais eu que podia ser. Parecia orgânico. Uma noite fluida. Quando me deixou na porta do hotel, dizendo que voltaria se não conseguisse pegar o metrô, era como se me despedisse de alguém que sempre conheci. Uma coisa meio mágica, se me perguntarem.

Eu o acho demais, fora do comum, desde que o conheci –aliás, acho hoje ainda mais do que antes. Não era, nunca foi paixão minha,  mas um interesse. Ele não voltou. Deve ter tido uma noite diferente da minha, com uma mulher menos interessante e mais ingênua. Às vezes sinto que me engano, que não houve nada de extraordinário naquela noite, ou ele não foi capaz de enxergar. Que pena, era Paris.

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